quarta-feira, 3 de agosto de 2011

O Vale

                                                       
 
“Ainda que eu andasse pelo vale da sombra da morte, não temeria mal algum, porque tu estás comigo” - Salmos 23
 O salmista Davi desfrutava de uma confiança invejável em Deus e só ele poderia dizer com segurança: ”O Senhor é o meu pastor; e nada me faltará”. A obra de arte pintada neste poema é fantástica e mostra a dimensão do amor de Deus.
Neste capitulo, ao mencionar o “vale da sombra da morte”, Davi, sem duvida, estava falando de um lugar peculiar e famoso pela insegurança para os que por ali transitavam. Existem algumas referências de que ele falava da estrada que liga Jerusalém a Jericó, por onde pastores de ovelhas conduziam seus rebanhos na busca de melhores pastagens. O Bom Pastor quer sempre o melhor para o seu rebanho!
A passagem conhecida como "Ladeira do Sangue", era um caminho tortuoso, íngreme e sem nenhuma segurança para os que transitavam pelo local, uma descida de aproximadamente 1.200 metros em apenas 27 quilômetros, com muitos vales apertados de onde, em cavernas construídas nas rochas, ladrões, criminosos e malfeitores espreitavam e emboscavam os viajantes. Muitos tiveram a vida ceifada ao passarem por aquele local. Os abismos formados por penhascos e estreitas trilhas eram algo assustador e muitos pastores viram suas ovelhas despencarem ladeira abaixo perdendo a vida, e só com o auxilio da vara e do cajado as tragédias podiam ser minimizadas.  
No século XXI, muito distante das terras da Judéia, ameaçados pelas incertezas da vida, o “vale da sombra da morte” representa o nosso martírio, as nossas lutas e aflições mais graves. No mundo globalizado de hoje, vivemos rodeados de incertezas, minados na nossa resistência pelas imposições naturais que recaem sobre nós pela velocidade das mudanças. Da forma como elas acontecem somos impossibilitados de nos adaptarmos a maioria delas e as conseqüências são devastadoras empurrando-nos para o “vale da sobra da morte” de nosso tempo. As lutas nos fazem sentirmos sozinhos diante de nossa fragilidade e transpor os caminhos da adversidade nos parece algo tenebroso e intransponível. Quantas vezes já nos deparamos com este vale ou vimos alguém aterrorizado por ter que transpor tal caminho sem estar preparado para tal tarefa. Quantas  ameaças da morte nos colocou diante deste vale. No mundo tereis aflições, afirmou Jesus certa vez, mas tende bom ânimo...
A aproximação com as cenas sombrias desse vale cria em nós um sentimento de medo e espanto, também expõe de maneira clara a nossa fragilidade. No entanto, a visão do cajado, instrumento que o pastor puxa para junto de si a ovelha e a visão de sua vara, com que ele coloca os ferozes agressores em fuga nos faz lembrar do poema escrito por Davi e nos acalma. Assim como a ovelha era algo especial para o pastor e ele dava a vida por ela, nós também recebemos de Deus um cuidado ímpar, algo que não merecemos em razão de nosso pecado e de nossa rebeldia para com os seus ensinos.
É no “vale da sombra da morte” que aprendemos, de maneira sobrenatural, a conhecer o Bom Pastor, a termos uma intimidade e uma afinidade com ele compreendendo de maneira cristalina o que ele pode fazer por nós. Ele nunca fica longe, quem se distancia do rebanho somos nós que vemos em outras pastagens algo que enchem os nossos olhos e aguçam a nossa curiosidade. O terror e a agonia que aquele lugar nos inspira, faz com que sintamos mais avidamente a presença protetora do Bom Pastor, pois sabemos que os seus olhos estão atentos observando todos os nossos movimentos. Dificilmente poderíamos dizer "não temerei mal algum, porque tu estás comigo" se já não tivéssemos, alguma vez em nossa vida, passado por esse vale de terror.
Vale salientar que “vale da sombra da morte” fica antes das campinas, dos pastos verdes e das águas tranqüilas às quais o Bom Pastor quer nos conduzir. Ele até poderia usar outro caminho para outras pastagens não tão verdejantes, mas o que acontece ao passarmos por esse vale terrível faz com que valorizemos mais o destino a que somos levados. Há um banquete único a nossa espera.
O “vale da sombra da morte” pode transformar-se na maior bênção que uma ovelha recebe do Bom Pastor se, como Jó, ao sair dele ela possa afirmar com segurança absoluta: “...antes eu o conhecia de ouvir falar, mas agora meus olhos te vêem”. Lembro a você, tenha certeza, o “vale da sombra da morte” é uma passagem obrigatória e inevitável para toda ovelha, até porque os lobos não têm dificuldades, pois ali é a sua habitação natural. Às vezes, os passos curtos do Pastor podem nos parecer longos. Mas, muitas vezes o vencemos correndo e sem percebermos. Uma coisa é certa, dificilmente como ovelhas submissas passamos por ele apenas uma vez. Afinal, ele é o caminho rotineiro dos que precisam aprender a permanecer bem juntos do Bom Pastor.
Não se assuste com o “vale da sombra da morte”, se você estiver passando por ele agora. Não tema, clame ao Senhor porque ele ouve a sua voz e a sua suplica. Mesmo que a morte o ameace e as angustias do inferno se apoderem de sua vida, mesmo que o aperto e a tristeza sejam uma realidade, não se esqueça de que o Senhor está pronto para livrar a sua alma de todos estes sofrimentos. Não se rebele contra a vara, e veja o cajado como uma proteção especial sobre a sua vida. Extraia da experiência do “vale da sombra da morte” todos os ensinamentos possíveis, mesmo que você precise chegar a exaustão, pois ao sair, você encontrará refrigério para a sua alma e uma mesa posta diante de todos os seus adversários, que por misericórdia do Bom Pastor, estarão vencidos.

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